sexta-feira, setembro 29, 2006

Manual de um tolo

I

Tem dias, que para não dizer ou fazer algo;
há que morder os lábios, mastigar a língua,
amputar dedos, mãos, braços;
abrir nova sepultura
enterrar tudo cá dentro;
há dias condenados ao silêncio.

II

Chegada a hora de trancar portas,
fechar janelas,
quebrar todos os espelhos e vidros,
apagar luzes e outras tantas esperanças;
tornar-se o ponto mais escuro da escuridão.

III

De repente arrombam-se as portas,
estilhaçam-se janelas,
rasga-se a roupa e saio para a rua nu;
então grito, berro estridentemente,
choro, soluço e morro feliz dobrado sobre mim.

António Morgado

2 Comments:

Blogger 180º said...

Isto é pura poesia. Devias de por mais e mais poemas teus, a qualidade é excelente apenas reflecte o te talento... mas isto é algo que eu não me canço de disser. Um beijo grande

29 de setembro de 2006 às 18:15  
Blogger nana said...

.....

6 de outubro de 2006 às 00:12  

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